23 de jul. de 2014

Raiz de cabelo, raiz de negro


Essa semana eu postei uma foto nas redes sociais, mostrando o crescimento do meu cabelo, Diante disso algumas pessoas me questionaram porque eu não alisava de vez os meus cachos. O fato é o seguinte, eu gosto do meus cachos! o que eu acho engraçado é que as pessoas não se tocam do quanto isso é deselegante, até porque eu não chego perguntando, porque em pleno seculo XXI existe pessoas que se auto-escraviza da chapinha, do secador, babyliss e difusor.
 Não me levem a mal, não estou sendo preconceituosa com quem vive em busca da beleza autoimposta. Acho que se você se sente bem, escondendo suas raízes, sua cultura e natureza, para o que lhe foi dito que é bonito, a melhora e a aceitação dependem absolutamente de você, meu caro. Porém o que incomoda é, porque você escravo da beleza, está questionando que optou pela liberdade? Eu cresci, na obrigação de prender meu cabelo toda vez que secava porque se tornava volumoso, e pra não incomodar fulano ou sicrano. Você cresce mais um pouco e sofre pressão de todos os lados pela busca infinita do cabelo que corresponde a gravidade. Mas... deixa eu te contar uma coisa, nunca fui fã da gravidade!
Engraçado como algumas pessoas acham que essa questão de cabelo, é puramente estética, mas não é! É uma questão social muito séria, quer um exemplo?! Quando um menino, até mesmo de 'cabelo bom' vai ou cabeleireiro, a primeira coisa que dizem após o corte é, "Agora você parece um homem!". Ora pois, ele não era homem por causa do cabelo? Se sim, porque? Porque ele com cabelo grande se for um black principalmente é marginal ou travesti? Então não me venha com argumentos falhos e se aceite, caso ainda não esteja pronto pra isso, permita que quem se encontra pronto se liberte. Não seja a amiga que quer escovar ou alisar por qualquer meio os cachos de alguém para se enquadrar nos padrões ou até mesmo para que combine com o grupo. Não seja o empregador, que cobra dos funcionários a magoa de suas raízes. E por fim, não seja o pai, que vai suprimir a identidade do seu filho com medo de que ele seja marginalizado, porque você o está marginalizando primeiro, ensine-o a se aceitar a se amar. Que não vai ter na terra alguém que vá faze-lo crer que é menos bonito ou importante por não está padronizado.





Realizado na Bahia, o vídeo traz várias vozes relatando como é difícil manter os cabelos naturais, sem alisar, em dreads, em tranças, em variados formatos e enfrentar os estranhamentos, a discriminação, a quebra do padrão estético. O material revela a construção de imagem de vários jovens da Bahia em luta pelo direito à identidade, a uma estética livre e que respeita sua forma de ser sem intervenções do hegemônico.

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